Hipocrisia (Eu Quero Uma Pra Viver)

Crítica social e ironia em “Hipocrisia (Eu Quero Uma Pra Viver)”

"Hipocrisia (Eu Quero Uma Pra Viver)", da ALTER EGO, faz uma crítica direta e irônica à forma como a sociedade brasileira lida com a corrupção e a incoerência entre discurso e prática. A música não se limita a atacar políticos e empresários, mas também expõe o comportamento do cidadão comum, que muitas vezes se contenta com gestos simbólicos, como "compartilhei um vídeo de uma causa social", para aliviar a própria consciência. O verso “Hoje eu já fiz minha parte – bata palma!” ironiza essa postura superficial, mostrando que a indignação frequentemente se resume a ações vazias, sem mudanças reais.

A letra faz referência a figuras como Eike Batista e a eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada, marcados por escândalos de corrupção. Trechos como “Foda-se o hospital, investe na Copa do Mundo” e “Maquia a pilantragem com a porra da tocha olímpica” escancaram a inversão de prioridades e o uso de grandes eventos para mascarar problemas graves. A banda também destaca a hipocrisia coletiva ao afirmar: “Você cobra honestidade, não perde a oportunidade / Não dispensa a pilantragem de passar alguém pra trás”, sugerindo que a corrupção está presente em pequenas atitudes cotidianas, não apenas entre os poderosos.

O refrão repetido – “Diz quanto custa pra eu votar / Quem paga o prêmio pra eu não falar? / Qual é o preço pra eu me vender? / Só mais um pouco pra me corromper” – reforça como a corrupção se tornou banalizada. No final, a banda adota um tom de confronto: “Hipocrisia agora é prioridade zero / Falo na lata sobre tudo aquilo que desprezo”, deixando claro que o objetivo é provocar reflexão e autocrítica, e não apenas apontar culpados. O tom sarcástico e crítico transforma a música em um retrato ácido e atual do Brasil, onde a hipocrisia parece ser uma necessidade para sobreviver.