Murmura o mar

A delicada relação entre amor e tempo em “Murmura o mar”

Em “Murmura o mar”, Altemar Dutra utiliza o mar como metáfora para expressar a profundidade e a serenidade do amor. Ao invés de declarações diretas, a letra aposta em imagens naturais para transmitir sentimentos. Quando o mar é descrito como “a derramar uma canção”, a ideia é mostrar que o amor entre os personagens é vasto e constante, assim como o oceano. A paz que “nasce” e “vive” nos amantes é comparada à tranquilidade de uma tarde à beira-mar, reforçando a ligação entre natureza e emoção. Isso fica ainda mais claro no trecho: “O meu olhar, sonha feliz, no teu olhar, o mundo em volta do teu rosto, emudeceu”, mostrando que a presença do outro é suficiente para silenciar tudo ao redor e criar um universo íntimo entre o casal.

A música também reflete sobre a passagem do tempo e a fragilidade dos momentos felizes. Ao dizer que “o tempo, ou mesmo o vento, há de apagar, na areia branca, o nosso nome, a nossa paz”, a letra sugere que, assim como as marcas na areia, as lembranças podem desaparecer. No entanto, a “voz do mar” – a memória do amor vivido – permanece como um murmúrio constante, impossível de ser totalmente apagado. Essa dualidade entre permanência e transitoriedade é uma característica marcante dos boleros de Altemar Dutra, e a melodia suave reforça o convite à reflexão sobre a beleza e a delicadeza dos sentimentos humanos.