Náufrago
Alvaro Dutra
Não me interprete mal
Brasília mora no meu coração
E devo tudo que eu sou a ter crescido aqui
Com os amigos que entendem minha aflição
Gosto de reclamar
Mas nunca fui de ter medo da ação
E fiz a minha parte pra trazer pro solo seco
Um punhado de esperança e diversão
Perdi conta das vezes, dos dias e dos meses
De tudo que investi, tanto tempo e dinheiro
Pra tentar ter no futuro o que eu sentia
Que era urgente para mim
Esbarrei nas limitações
Tanto minhas quanto da cidade
E o esforço necessário pra nadar contra a corrente
Pra tentar fazer as coisas de uma forma independente
Foi demais
Não sou de desistir
Mas aprendi que devo abandonar
Os planos e projetos que custaram todo meu suor e sangue
E não saíram do lugar
Se me faltou talento, me sobrou insistência
E quis me dedicar ao que valia a pena
Mas tudo que julguei tão valioso tem valor só para mim
Esbarrei nas limitações
Tanto minhas quanto da cidade
E o esforço necessário pra nadar contra a corrente
Pra tentar fazer as coisas de uma forma independente
Foi demais
Somos todos náufragos vivendo nesta ilha
Montando nossa casa ou buscando uma saída
Fugindo desse tédio com a música, amigos e bebida
E aqueles que conseguem escapar
Quase nunca voltam pra contar
O que há do outro lado que os falta tanto aqui neste lugar
Sei que existem limitações
Em todo e qualquer lugar
Mas chegou a minha hora de buscar o diferente
De sair do meu conforto e seguir sempre em frente
E me arriscar
Não há vida sem tentar
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