Stuck Up

Poder e autonomia feminina em “Stuck Up” de Amaarae

Em “Stuck Up”, Amaarae explora temas de poder, sensualidade e transgressão, assumindo uma postura ousada e dominante desde os primeiros versos. Logo no início, com “Turn out the lights / Seen me a bitch / Turnt out the dyke” (Apague as luzes / Vi uma vadia / Transformei a lésbica), ela desafia normas sociais e expectativas sobre sexualidade e identidade, misturando desejo e provocação. A repetição de “I'm dark like my liquor / Skin, sweat, mixed with the white” (Sou escura como meu licor / Pele, suor, misturados com o branco) destaca os contrastes raciais e sensoriais que atravessam a música, reforçando a proposta de mistura e subversão.

O contexto do álbum “Black Star” é fundamental para entender a faixa, já que Amaarae utiliza o projeto como espaço para experimentar alter egos e inverter clichês, colocando-se no centro do poder e da sedução. A letra traz referências ao consumo de drogas e festas, como em “My soda, I Spike Lee'd / I'm sober? Not likely” (Meu refrigerante, eu 'Spike Lee'd' / Estou sóbria? Pouco provável). Aqui, “Spike Lee'd” faz um trocadilho entre "spiked" (batizado) e o cineasta Spike Lee, conhecido por obras provocativas, refletindo a própria ousadia da artista. O refrão “I might be, I might be, bitch” (Eu posso ser, eu posso ser, vadia) funciona como um mantra de liberdade, mostrando que Amaarae não se prende a rótulos. No final, versos como “Squeeze a nigga for his pennies, nigga, it's a stuck up” (Aperto um cara por suas moedas, cara, é um assalto) deixam claro o tom de assalto simbólico: ela toma o que quer, invertendo a lógica tradicional de submissão feminina no pop e no rap. “Stuck Up” celebra autonomia, desejo e reinvenção, marcada por uma atitude confiante e provocadora.