Velho Rancho

Solidão e saudade no cotidiano de “Velho Rancho”

Em “Velho Rancho”, André & Andrade retratam a dor da separação e o impacto profundo que ela causa na vida de um homem do campo. O personagem decide “parar de fazer moda” e “deixar de fazer trova”, indicando que, ao ser abandonado pela mulher amada, ele rompe com sua identidade de cantador. Guardar a viola, referida como “meu pinho empoeirado” e deixá-la “pendurada em um gancho”, simboliza não só o abandono da música, mas também o fim de um ciclo de vida em que a expressão dos sentimentos era feita através da arte. Esse gesto reforça a ligação entre a música sertaneja raiz, a vida rural e a solidão, temas recorrentes na trajetória de André & Andrade.

O refrão, que menciona o galo cantando às quatro da manhã enquanto o personagem permanece acordado, destaca a insônia e o sofrimento causados pela saudade. O contraste entre o sono tranquilo da mulher que partiu e a vigília solitária do homem evidencia a intensidade do vazio deixado pela separação. O cenário do “velho rancho”, junto das referências às “bibocas” e ao “rancho de taboca”, reforça o ambiente rural simples e melancólico, onde a ausência da amada transforma o cotidiano em resignação e tristeza. Assim, a música transmite de forma direta e nostálgica a experiência da perda e do isolamento, elementos centrais do sertanejo tradicional.