Cio

A Dualidade do Amor em 'Cio' de Andre Mingas

A música 'Cio' de Andre Mingas explora a complexidade e a dualidade do amor, utilizando uma rica tapeçaria de metáforas e imagens poéticas. Desde o início, o eu lírico expressa uma sensação de desorientação e incapacidade de lidar com a intensidade do amor que sente. Ele compara o olhar da pessoa amada ao sol, algo tão brilhante e poderoso que ele não consegue orbitar. A metáfora do mar turvo representa a profundidade e a imprevisibilidade dos sentimentos, sugerindo que mergulhar nesse amor pode ser fatal.

O eu lírico então opta por uma abordagem mais segura e pragmática, preferindo ser um parceiro noturno e fugaz, em vez de se comprometer profundamente. Ele se descreve como um 'ás' e um 'valete', figuras de cartas que simbolizam poder e subordinação, respectivamente. Essa dualidade reflete a luta interna entre querer ser importante para a pessoa amada e, ao mesmo tempo, evitar o sofrimento que um amor intenso pode trazer. A referência ao tai chi chuan e ao divã sugere que ele não está disposto a se submeter a práticas que exigem paciência e introspecção, preferindo uma vida mais leve e descomplicada.

No final, a música sugere uma resignação ao amor fugaz, comparando-o a um vinho que pode se transformar em licor com o tempo. O 'cio', que inicialmente representa um desejo intenso e quase animal, é destilado em algo mais refinado e duradouro, possivelmente o amor verdadeiro. A música, portanto, navega entre a paixão avassaladora e a busca por um amor mais tranquilo e sustentável, refletindo a complexidade das relações humanas e a dificuldade de encontrar um equilíbrio entre desejo e estabilidade.