Abbracciame

O abraço como refúgio e urgência em “Abbracciame”

“Abbracciame”, de Andrea Sannino, destaca-se por transformar o gesto simples do abraço em um símbolo poderoso de amor intenso e urgente. O refrão “abbracciame cchiù forte / pecchè po' chi se ne fotte / si tutto ‘o tiempo ca è passato è tiempo perzo / o si dimane nun esiste niente cchiù” (“me abraça mais forte / porque depois, quem se importa / se todo o tempo que passou foi tempo perdido / ou se amanhã não existir mais nada”) mostra uma entrega total ao presente, sugerindo que passado e futuro perdem importância diante da intensidade do sentimento vivido agora. Essa valorização do instante, especialmente do contato físico, ganhou ainda mais força durante o lockdown de 2020, quando a música se tornou um hino de esperança e união para os napolitanos isolados, reforçando o abraço como desejo coletivo de proximidade e consolo.

A letra alterna entre a timidez inicial — “so' nù poco scurnuse e ‘sti ccose tu ossaje / nun sò buono a le ‘ffa'” (“sou um pouco tímido e essas coisas você sabe / não sou bom em fazer isso”) — e a coragem de se declarar apaixonado, mostrando a vulnerabilidade de quem ama. O medo de perder oportunidades é superado pelo reconhecimento de que o verdadeiro sonho é estar com a pessoa amada (“ca o' suonne mio si tu”). Trechos como “e tutte ‘e vote ca t'aggie sunnate / ca me scetave ma nun stive ‘ccà” (“e todas as vezes que sonhei com você / que eu acordava, mas você não estava aqui”) expressam saudade e o desejo de tornar real o que antes era só sonho. Já “ce fa' quasi paura a'penza / ca te può ‘nnammura” (“dá quase medo pensar / que você pode se apaixonar”) revela o temor e a surpresa diante da intensidade do sentimento. Assim, “Abbracciame” celebra o amor como refúgio e coragem, usando o abraço como metáfora universal para a necessidade humana de afeto e presença.