Inconcluso

Imperfeição e autenticidade em "Inconcluso" de Anelis Assumpção

"Inconcluso", de Anelis Assumpção, explora de forma leve e irônica a atração por alguém que foge dos padrões tradicionais de perfeição. No verso “Te quiero tan mal terminado / Inconcluso / Sin lujos” (Eu te quero tão mal acabado / Inconcluso / Sem luxo), a artista deixa claro que o encanto está justamente nas imperfeições e na autenticidade do outro. Termos como “grueso”, “grosero”, “zoquete” e “macho” reforçam essa preferência pelo que é bruto, desleixado e até socialmente visto como pouco atraente, mas que, para a narradora, se torna irresistível por ser real e espontâneo.

A menção a Zapata, líder revolucionário mexicano, em “Lástima que no saben quién es Zapata” (Pena que não sabem quem é Zapata), acrescenta uma crítica sutil: apesar de admirar a autenticidade do homem descrito, há uma frustração com sua falta de consciência histórica ou política. Essa ironia mostra que, mesmo celebrando o imperfeito, a narradora sente falta de profundidade. O ritmo de reggae contribui para o tom descontraído da música, que valoriza o “torpe”, o “cuerpo crudo y desnudo” (corpo cru e nu) e o “medio borracho” (meio bêbado), destacando a beleza do real e do espontâneo, longe dos padrões convencionais.