Flemme

Preguiça e autoaceitação em "Flemme" de Angèle

A música "Flemme" de Angèle aborda de forma direta e bem-humorada o sentimento de preguiça e a recusa em ceder à pressão social para ser sempre produtivo ou sociável. Angèle transforma o que normalmente seria visto como falta de ambição em um ato de autoaceitação, especialmente ao repetir “je reste avec moi-même et j'ai la flemme” (fico comigo mesma e estou com preguiça). Esse verso reforça a ideia de que respeitar o próprio ritmo e vontade é válido, mesmo quando o mundo espera outra postura.

A letra traz cenas do cotidiano, como uma noite chuvosa e o desejo de ficar no sofá assistindo TV, enquanto todos parecem sair e se divertir. Ao dizer “sortir c'est pour les nuls, t'façon j'ai pas la thune” (sair é para os nulos, de qualquer forma não tenho dinheiro), Angèle mistura ironia e sinceridade, mostrando que a escolha de ficar em casa não é só por preguiça, mas também por questões financeiras e pelo desconforto com as expectativas externas. O refrão em inglês, “Who the hell do you think you are? Stayin' in bed instead of going out” (Quem diabos você pensa que é? Ficando na cama em vez de sair), funciona como uma autocrítica ou uma voz externa julgando sua decisão, evidenciando o conflito entre o desejo pessoal e a cobrança social. Ao mencionar Paris e Bruxelas, Angèle sugere saudade de casa e cansaço com a vida agitada, reforçando o tema do isolamento voluntário. "Flemme" é um retrato honesto de quem valoriza o direito de simplesmente não fazer nada quando sente vontade.