Fria

Autonomia e desapego feminino em “Fria” de Anitta

A música “Fria”, de Anitta, aborda de maneira direta a decisão de não se envolver emocionalmente, mesmo diante da insistência de outra pessoa. Anitta assume o papel de "fria" como uma escolha consciente, desafiando a expectativa de vulnerabilidade feminina nos relacionamentos. Ao repetir frases como “não sou seu bebê” e “tá buscando calor, mas eu sou o frio”, ela deixa claro que não está disposta a ceder ao romantismo ou à dependência afetiva, mesmo reconhecendo a atração pelo proibido e a tentação de recaídas representadas pelas “malas”.

O contexto do álbum “Funk Generation” e as declarações da artista sobre desapego emocional reforçam que a letra vai além da simples rejeição: trata-se de autonomia e autossuficiência. Trechos como “I just win, never lose, don't get too involved in” (eu só venço, nunca perco, não me envolvo demais) e “my heart's so cold and you ain't the first to try to get to me” (meu coração é tão frio e você não é o primeiro a tentar chegar até mim) mostram que a personagem já viveu situações parecidas e aprendeu a se proteger, mantendo distância de relações que possam ameaçar sua liberdade. A expressão “adicción a lo mío” (vício no que é meu) sugere que, apesar da postura distante, há algo de irresistível em sua atitude, tornando o jogo de sedução mais intenso e ambíguo. “Fria” explora o equilíbrio entre desejo e autopreservação, mostrando que o controle emocional pode ser tão atraente quanto perigoso.