Puta Cara

Empoderamento e ironia em "Puta Cara" de Anitta

"Puta Cara", de Anitta, transforma um termo historicamente pejorativo em símbolo de poder e autonomia feminina. Ao repetir e destacar a palavra "puta" na música, Anitta propõe uma ressignificação: ela incentiva que as mulheres se apropriem do termo como expressão de independência e autoconfiança, em sintonia com suas declarações públicas sobre liberdade e empoderamento. O refrão, "Abre, cierra, sube, baja / Nalgas, tetas, puta-ta-ta cara" (Abre, fecha, sobe, desce / Bunda, peitos, cara de puta-ta-ta), ironiza a objetificação do corpo feminino, expondo o olhar julgador da sociedade e transformando-o em motivo de orgulho.

A letra mistura português e espanhol, ampliando o alcance da mensagem e mostrando que as pressões sobre as mulheres são universais. Em versos como "No, no, no 'tá a la venta / Pero hace que gastes los cero' en la cuenta" (Não, não, não está à venda / Mas faz você gastar todo o dinheiro da conta), Anitta deixa claro que, apesar da sexualização, a mulher mantém o controle sobre sua imagem e desejos. Frases como "To' lo que quiero, yo consigo" (Tudo o que quero, eu consigo) e "É putaria, bebê" reforçam a ideia de uma mulher segura, que não se envergonha de sua sexualidade. Assim, "Puta Cara" se destaca como um manifesto de empoderamento, usando o funk carioca e uma linguagem ousada para desafiar padrões e celebrar a liberdade feminina.