Narcos

Poder e autenticidade em "Narcos" de Anuel AA

Em "Narcos", Anuel AA utiliza o universo do narcotráfico como metáfora para sua trajetória e domínio na indústria musical, indo além da ostentação comum no trap. Ele se coloca como uma figura central e independente, como mostra ao afirmar: “Yo soy el jefe, yo no tengo jefe” (Eu sou o chefe, não tenho chefe). Essa declaração reforça sua autoconfiança e liderança, elementos que marcam toda a música.

As referências ao crime de rua e à vida no cacerío (comunidade) funcionam como símbolos de lealdade, respeito e autenticidade, valores importantes tanto nas ruas quanto no cenário musical. Quando diz “A mí me hizo la calle, a ti te hizo tu disquera” (A rua me fez, a gravadora te fez), Anuel AA destaca sua origem e credibilidade em contraste com artistas que, segundo ele, tiveram uma ascensão fabricada pela indústria. O refrão “Todo el mundo haciendo el baile del dinero” (Todo mundo fazendo a dança do dinheiro) ironiza a busca pelo sucesso financeiro, mostrando como o dinheiro se tornou um valor universal. Metáforas como “mi rifle canta Guajira Guantanamera” (meu rifle canta Guajira Guantanamera) misturam violência e cultura, sugerindo que sua música é tão impactante quanto uma arma e tão marcante quanto um clássico.

O videoclipe, com a coreografia "El Baile del Dinero", reforça a celebração do sucesso e da superação. Ao mesmo tempo, a letra traz menções à lealdade, perdas pessoais e ao desejo de paz para Porto Rico, mostrando que, apesar do tom agressivo, há espaço para humildade e responsabilidade social. "Narcos" é uma afirmação de poder, autenticidade e resiliência, usando o universo do crime como espelho para a luta e conquista no mundo da música.