Rakata

Desejo, identidade e ancestralidade em "Rakata" de Arca

"Rakata", de Arca, expõe o desejo sexual como uma força vital, celebrada sem culpa ou repressão. A artista transforma o impulso de "comer o mundo" e "estas ganas de follar ya" em um manifesto de liberdade corporal, onde o sexo é visto não apenas como prazer, mas como afirmação de vida diante da morte, algo que Arca já destacou em entrevistas. O termo "rakatá" — uma onomatopeia típica do reggaeton — funciona como um convite direto à sedução, homenageando o gênero e artistas como Wisin & Yandel, conhecidos por valorizar a sensualidade e a batida marcante.

A letra mistura referências culturais venezuelanas, como o furruco em "el furruco retumba incesantemente", conectando tradição e modernidade ao unir instrumentos típicos aos graves eletrônicos. Isso reforça a identidade de Arca como uma artista que transita entre raízes e futuro. Trechos como "sin condena, sin pena, yo te / Sin pena, te lo doy, te lo / Pongo, soy tu cena" deixam clara a entrega sem vergonha, enquanto repetições como "leo-leo-le" e "mirando, mirando" criam um clima hipnótico e tribal, remetendo tanto ao folclore quanto à pista de dança. O videoclipe, ao trazer a imagem de María Lionza, reforça a ligação com o poder feminino e a ancestralidade, ampliando o significado da música para além do sexo: trata-se também de pertencimento, orgulho e celebração da própria identidade.