Dorama

Contraste entre fantasia e realidade em "Dorama" de Ark King

"Dorama", de Ark King, chama atenção por unir referências da cultura pop japonesa, animes e games a uma visão irreverente e sexualizada dos relacionamentos. O título faz alusão às séries dramáticas japonesas, mas a letra subverte essa ideia ao ironizar o romance idealizado e destacar o desapego e o prazer momentâneo. Isso aparece em versos como “Eu só quero tua bunda, eu não quero romance / É só um lance”, nos quais o artista deixa claro que não busca envolvimento emocional, mas sim algo casual e físico.

As menções a personagens e elementos como “Nagatoro”, “Tsunade”, “Nichirin”, “Torre de Deus”, “Hylia”, “Majora” e “Rupee” funcionam como metáforas para poder, desejo e status, além de reforçarem a identidade geek do artista. Trechos como “Avança de Katana porque eu pareço Yakuza / Fuga de Kawazaki, Hayabusa” associam sua postura ousada à máfia japonesa e à velocidade, enquanto “Boto nela, vira hentai / Peito grande igual Tsunade” usa personagens conhecidos para criar imagens sexuais e exageradas. O tom direto e debochado se mantém em frases como “Eu te convido a entrar pra coleção de puta” e “Minha casa já virou um harém”, reforçando o ambiente de excessos e desapego afetivo.

Apesar do clima de ostentação, a música também valoriza a lealdade entre amigos, como em “Eu nunca vou deixar os meus manos só / Eu nunca vou deixar eles lá no pó / É com eles que eu divido essa nota”. Assim, "Dorama" brinca com o contraste entre fantasia e realidade, romance e sexo, usando a cultura pop como cenário para uma narrativa ousada, sarcástica e cheia de referências para quem conhece esse universo.