O Silêncio

Reflexão sobre a origem e presença do silêncio em "O Silêncio"

A música "O Silêncio" de Arnaldo Antunes explora a ideia de que o silêncio é a base primordial de tudo, anterior a qualquer invenção, linguagem ou som produzido pelo ser humano. A letra faz um caminho inverso no tempo, partindo da tecnologia moderna, como o computador, e voltando até o silêncio original, sugerindo que ele é o ponto de partida da existência. O verso “o silêncio foi a primeira coisa que existiu, um silêncio que ninguém ouviu” reforça essa noção, mostrando que o silêncio existia antes mesmo de alguém ser capaz de percebê-lo.

A canção também destaca sons quase imperceptíveis, como “o som do gelo derretendo” e “o barulho do cabelo em crescimento”, para mostrar que o silêncio não é vazio, mas sim preenchido por pequenas manifestações sonoras naturais, muitas vezes ignoradas. O convite para “ouvir esse silêncio” é um chamado à introspecção e à atenção aos detalhes sutis da vida. No trecho final, ao mencionar “o amplificador do estetoscópio do doutor no lado esquerdo do peito, esse tambor”, Arnaldo Antunes conecta o silêncio ao som do próprio coração, sugerindo que até mesmo o silêncio absoluto está repleto de vida. Assim, a música propõe uma reflexão sobre a essência do silêncio e sua presença constante, mesmo em meio ao barulho cotidiano.