Pirelli

Negócios ilícitos e ironia urbana em “Pirelli” de ARPAK

Em “Pirelli”, ARPAK utiliza a imagem dos pneus como metáfora para o transporte de itens ilegais, transformando o nome da marca italiana em um código para atividades clandestinas. O verso “Que que cê quer botar dentro do pneu?” deixa claro que o pneu serve apenas de fachada para algo mais valioso ou perigoso, reforçando o clima de malandragem e duplo sentido. A música também destaca a importância da confiança nesse universo, como em “Sem crocodilagem, só aceita em dinheiro / Metade no ato e a outra metade na volta”, sugerindo que qualquer traição pode ter consequências graves, evidenciado na ameaça “Caso contrário te boto dentro do Pirelli”.

O cenário urbano e a oficina de carros antigos mostrada no clipe reforçam a atmosfera de negócios à margem da lei, onde esquemas com a alfândega e comunicação por rádio são parte do cotidiano. ARPAK mistura referências à cultura pop brasileira, gírias e situações do submundo carioca e recifense, como em “Quero uma casa em Cartagena / Quero um cargão de tabaco” e “Tomando um choppinho no Rei do Bacalhau”, criando uma narrativa que alterna entre humor, ostentação e perigo. Expressões como “cada cachorro que lamba seu saco” e “quem quer rir tem que fazer dar risada” reforçam o tom irônico e pragmático do personagem, que sabe se movimentar nesse ambiente arriscado. No final, “Acho que acordei no Pirelli” sugere que viver nesse meio é estar sempre no limite, cercado de riscos e tensão.