​please don’t humble me

Entre ego e vulnerabilidade em “please don’t humble me”

O pedido “please don’t humble me” (por favor, não me humilhe) surge quando ele aponta que ela “poderia ser feliz sozinha”, escancarando medo de rebaixamento e um jogo de poder. “Crumble like the narcissist you chose” (desmorona como o narcisista que você escolheu) funciona em dois sentidos: pode ser autoironia de quem é frágil por trás do ego ou acusação que empurra a culpa para o outro. A letra alterna carinho e desdém: “I say I love you, but don’t deep it” (eu digo que te amo, mas não levo a sério) usa gíria britânica para sinalizar afeto performático. Já “Even your daddy knows you’re mine / I know you find it hard to reach him” (até o seu pai sabe que você é minha / eu sei que você acha difícil conseguir falar com ele) sugere feridas familiares: ele reivindica posse enquanto reconhece o vazio dela. O refrão acena ao autoempoderamento em “You know you could be happy on your own / Leave me like I left you all alone” (você sabe que poderia ser feliz sozinha / me deixe como eu te deixei totalmente sozinha).

“roll me up another one” (enrola mais um pra mim) e “teach me how to fly” (me ensina a voar) apontam o uso de substâncias como escape, com “voar” virando metáfora de entorpecimento. Há duplo sentido que mistura desejo e controle: “Fuck you in the backseat, teach you how to drive” (te foder no banco de trás, te ensinar a dirigir) alterna sexo e condução (guiar, mandar), enquanto “rolling both your eyes” (revirando os olhos) faz trocadilho com “roll” do baseado. O vínculo é turbulento, num vai e vem entre desejo e desapego: ele admite que talvez não passem desta noite, oferece saída e, ao mesmo tempo, suplica para não ser rebaixado. Fiel ao traço confessional de Artemas (britânico de origem greco-cipriota, inspirado por narrativas cruas como as de Kurt Cobain), a faixa equilibra bravata e fragilidade e mostra como a defesa do ego sabota o afeto real.