A Realidade Nua e Crua
Aryan Anix
Em casa há cores na TV
Não são as mesmas que você vê
Casamentos devorados no jantar
Comida escassa; é tão difícil relaxar
Estrelas vermelhas pelo céu
Experiencia? Só registrada em papel
E as notícias que vem sem nos avisar
A liberdade é um imposto caro a se pagar
No escuro do meu quarto (não tem respostas)
Entre o teto e as paredes (não acho portas)
Eu só quero uma era decente
Em que eu possa aproveitar
O fruto do trabalho que tive que me desdobrar
Sem ter que vender a alma pra sanar
Taxas de aluguel, água, luz e o ar
Que agora eu tenho pra respirar
Não torsa as folhas dos jornais
Emprego tem de menos, sangue tem demais
E não importa o conhecimento que você tem
Sem carteira com um ano, você não é alguém
Famílias dividem o mesmo pão
E só comem hoje porque há exceção
Porque quase nunca tem algo pra comer
Estamos sempre ocupados para perceber
Que não adianta perguntar (se não há respostas)
Que não adianta reclamar (se nos dão as costas)
Eu só quero uma era decente
Em que o meu filho possa ser feliz
Não ter que sobreviver em um país
Que não pode ser dono do próprio nariz
Sendo tapeado com esse disse-me-diz
Desenhando o Sol no chão com o mesmo giz
Não queremos o seu dinheiro
Não queremos o seu coração (ah vocês querem sim!)
Nós só viemos cobrar alguns encargos (mentira!)
Pra viver sua vida com mais devoção! (ah tá)
Mas eu não ganho por isso! Eu não posso pagar por isso!
Eu entendo senhor
Eu não trabalho por isso!
Sim, senhor, ok
Você não entende? Não tem filhos? (isso não vem ao caso)
Senhor, por favor, volte para fila!
Eu sei o que eu preciso! E não adianta falar pra mim
Volte para fila ou vou chamar o seguran- (não você não sabe! Nós sabemos o que é preciso)
Que é pro meu bem? Que vai ficar tudo bem? Quero a minha paz!
Segurança! Segurança! Crime de ódio! Crme de ódio? (vai ficar tudo bem, vai)
Devolva a minha paz!
E não adianta perguntar (se não há respostas)
E não adianta reclamar (se nos dão as costas)
Eu só quero uma era decente
Em que eu possa aproveitar
O fruto do trabalho que tive que me desdobrar
Sem ter que vender a alma pra sanar
Taxas de aluguel, água, luz e o ar
Em que o meu filho possa ser feliz
Não ter que sobreviver em um país
Que não pode ser dono do próprio nariz
Sendo tapeado com esse disse-me-diz
Desenhando o Sol no chão com o mesmo giz
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