Chichinya

Provocação e autonomia feminina em “Chichinya” de Ashnikko

“Chichinya”, de Ashnikko, utiliza imagens violentas e humor ácido para desafiar padrões tradicionais de feminilidade e poder. O título, uma palavra inventada, representa um alter ego que mistura doçura e agressividade, deixando claro que a artista não aceita se encaixar em expectativas convencionais. Frases como “I wanna rip out your eyeballs / Put ‘em on a necklace, they’re to die for” (“Quero arrancar seus olhos / Colocá-los em um colar, eles são de morrer”) e “Man eater, grim reaper / Chichinya-incognita” (“Devoradora de homens, ceifadora / Chichinya-incógnita”) mostram uma postura provocativa e sarcástica. Aqui, a violência simbólica inverte a lógica da objetificação feminina, transformando a protagonista em alguém ameaçador e autônomo.

O álbum “Smoochies” reforça essa abordagem, já que Ashnikko explora temas autobiográficos e rejeita padrões impostos, especialmente por meio da figura da “Smoochie Girl”. Elementos como “Strawberry switchblade” (“Faca de morango”) e “Raspberry ribcage” (“Costela de framboesa”) misturam referências doces e infantis com imagens cortantes, ironizando a expectativa de delicadeza feminina. O verso “I shaved my hairy toes for you / I’m a hobbit / And this is the thanks I get?” (“Raspei meus dedos peludos por você / Sou um hobbit / E é assim que sou recompensada?”) usa humor autodepreciativo para criticar exigências absurdas de beleza. Já frases como “My body is a burial ground / Touch it, die” (“Meu corpo é um cemitério / Toque, morra”) e “Chichinya is a scrotum crusher” (“Chichinya é uma esmagadora de escrotos”) reforçam a ideia do corpo feminino como território de resistência. Assim, “Chichinya” celebra a autonomia, autenticidade e o direito de ser temida e respeitada.