Anunak

Ascensão e tragédia nas periferias em “Anunak”

Em “Anunak”, o grupo Atitude Consciente utiliza o nome dos deuses sumérios Anunnaki para criar um paralelo entre a busca por poder dos jovens das periferias urbanas e mitos de criação e domínio. A música mostra como o desejo de ascensão social, simbolizado pelo personagem "Monstrão" que almeja o "ápice da criação" e o "status de patrão", pode ser tanto um impulso para mudar de vida quanto uma armadilha fatal. O personagem acaba sucumbindo à "ambição" e ao "mundão", ilustrando o risco real de quem tenta esse caminho.

A letra destaca a influência do ambiente social, mostrando que muitos jovens crescem cercados por exemplos de trabalhadores humildes e figuras do crime. O trecho “Um assaltante, um traficante e um pai servente de pedreiro / Uma mãe diarista ripando pra pagar as contas” evidencia a falta de oportunidades e o peso das circunstâncias. O fascínio pelas armas e pelo respeito imposto pela violência surge como resposta à ausência de reconhecimento, mas a música deixa claro que esse caminho não é glamouroso. Ao citar “Fala pra mãe que viu o filho caído no asfalto com sangue no rosto / Quanto vale o status de traficante o dinheiro sujo”, a canção expõe o sofrimento das famílias e o ciclo de dor. O final reforça que poucos conseguem se dar bem no crime, enquanto a maioria termina com “camburão cova rasa / Foto no Facebook meu filho sumiu de casa”. O relato pessoal sobre o encanto pelas armas reforça a autenticidade da mensagem: a sedução do crime é real, mas quase sempre leva a finais trágicos.