Cada Um Com Uma História

Empatia e desigualdade em “Cada Um Com Uma História”

A música “Cada Um Com Uma História”, do Atitude Consciente, traz uma crítica direta à forma como a sociedade julga e marginaliza pessoas em situação de vulnerabilidade, sem considerar o contexto de suas vidas. A letra destaca a hipocrisia social, mostrando como muitos se preocupam apenas com seus próprios problemas e bens materiais, ignorando o sofrimento dos outros. Isso fica evidente nos versos: “Se o favelado tem problema, dá nada! Só vejo isso no YouTube” e “Minha dor pra mim é a dor que mais dói, e chamo de mimimi a dor quando é do meu amigo”. Esses trechos expõem o contraste entre a indiferença de quem está em situação confortável e a dura realidade de quem enfrenta pobreza, falta de oportunidades e discriminação.

A canção também discute o ciclo de exclusão social, mostrando que as escolhas individuais são fortemente influenciadas por fatores estruturais, como a falta de acesso à educação, o consumismo imposto pela mídia e a ausência de oportunidades, principalmente para jovens da periferia. O trecho “Porque a mãe é faxineira, não pôde levar no estádio / Onde o olheiro escolhe o próximo craque” evidencia como a desigualdade limita sonhos e caminhos. Ao mesmo tempo, a música não romantiza o crime, reconhecendo que “pobreza e miséria nunca foi motivo pra no crime se envolver”, mas ressalta que o contexto social torna as escolhas muito mais complexas do que parecem.

Por fim, “Cada Um Com Uma História” propõe uma reflexão sobre empatia e responsabilidade coletiva, questionando o julgamento fácil e a falta de solidariedade. O refrão “Quem sou eu pra falar que minha dor / Tá doendo mais que sua dor?” reforça que cada pessoa carrega suas próprias batalhas e que não cabe a ninguém hierarquizar sofrimentos. A música valoriza a resiliência e a esperança, mesmo diante das adversidades.