Hey Ya!

“Hey Ya!” em folk expõe negação e amor em ruínas por dentro

Por trás do refrão “Hey ya!” (ei, ah!), a versão folk/bluegrass de Avriel & The Sequoias — projeto solo de Avi Kaplan, ex-Pentatonix — escancara um casal infeliz que mascara a crise com festa. Kaplan decidiu reimaginar a faixa porque a progressão de acordes e a letra pediam um tratamento mais melancólico, revelando o drama oculto no hit dançante. Os versos já expõem a rachadura: “We get together... but separate’s always better when there’s feelings involved” (A gente se junta... mas separados é sempre melhor quando há sentimentos envolvidos) coloca o eixo união versus separação; e “Thank God for mom and dad for sticking two together, because we don’t know how” (Graças a Deus pela mamãe e pelo papai por manterem dois juntos, porque a gente não sabe como) revela uma felicidade de fachada aprendida com os pais. A ironia pesa em “You think you’ve got it... till there’s nothing at all” (Você acha que entendeu... até não sobrar nada).

O refrão vira fuga: “Shake it.../ shake it like a Polaroid” (Sacode.../ sacode como uma Polaroid) convida a dançar para não encarar a admissão direta de “Are we so in denial when we know we’re not happy here?” (Estamos tão em negação quando sabemos que não estamos felizes aqui?). O “shake it” tem duplo sentido — mover o corpo e “sacudir” sentimentos ruins — e a Polaroid, ligada ao instante, sugere amores que duram só um clique. A própria letra se questiona sobre permanência em “If what they say is ‘nothing is forever’, then what makes love the exception?” (Se o que dizem é “nada é para sempre”, então por que o amor seria a exceção?). No arranjo acústico e terroso de Kaplan, o contraste que na versão original era dançante vira confissão à luz do dia: o brilho continua, mas dá para ouvir o que ele tenta encobrir — a negação de uma relação que já não faz sentido.