Ai de Nós (part. Amen Hill, Amélia Charlton e Dalton Simão Clemente)

Solidariedade e denúncia social em “Ai de Nós (part. Amen Hill, Amélia Charlton e Dalton Simão Clemente)”

Em “Ai de Nós (part. Amen Hill, Amélia Charlton e Dalton Simão Clemente)”, Azagaia utiliza a repetição do verso “Eu nasci em Cabo Delgado”, seguido pelos nomes de outras províncias moçambicanas, para enfatizar que o sofrimento de Cabo Delgado deve ser sentido por todo o país. Essa escolha reforça a crítica à indiferença nacional diante da crise humanitária e dos ataques insurgentes na região, mostrando que a dor de uma província não pode ser ignorada pelas demais.

A letra adota um tom direto e crítico ao abordar a exploração dos recursos naturais de Cabo Delgado e a negligência do governo. Em versos como “Nada de borla custa gás e petróleo / Custa o sangue de uma Província negociado no escritório”, Azagaia denuncia como interesses econômicos, tanto nacionais quanto internacionais, estão ligados à violência, enquanto a população local sofre as consequências. O distanciamento das outras regiões é evidenciado em “Velório, assistido no YouTube / Lamentado no Whatsapp, condenado no Facebook”, mostrando como muitos acompanham a tragédia apenas pelas redes sociais. O refrão “Ai de nós” serve como um lamento coletivo e um alerta sobre as consequências de ignorar o sofrimento alheio, criticando a apatia tanto do povo quanto das autoridades: “Ai de nós, que vedamos os olhos, a boca, os ouvidos, até o coração”. A música é, assim, um chamado à empatia, à ação e à responsabilidade social diante das injustiças em Moçambique.