Países do Medo (feat. MCK & Valete)

Denúncia social e resistência em "Países do Medo (feat. MCK & Valete)"

"Países do Medo (feat. MCK & Valete)", de Azagaia, expõe de forma direta como a riqueza mineral de Moçambique e Angola beneficia principalmente elites locais e multinacionais, enquanto a maioria da população segue excluída. A música vai além da crítica local ao abordar a cumplicidade internacional, citando figuras políticas estrangeiras e a lavagem de dinheiro em Portugal, o que evidencia uma rede global de interesses e corrupção.

Azagaia abre a música destacando o contraste entre o potencial econômico de Moçambique e a exploração dos recursos: “Temos carvão, temos petróleo, temos gás natural / Afinal, Moçambique não é só um paraíso fiscal”. Ele ironiza o discurso de progresso, mostrando que o desenvolvimento anunciado serve aos interesses de grandes empresas como Vale e Mozal, além de bancos e elites locais. MCK aprofunda a crítica ao governo moçambicano, denunciando a indiferença diante da miséria e o autoritarismo, como em “presidente é Deus, quem critica profana”. Valete, por sua vez, foca em Angola, denunciando a concentração de riqueza na família de José Eduardo dos Santos e a compra de empresas em Portugal, reforçando que a corrupção e a lavagem de dinheiro atravessam fronteiras e impactam diretamente a população, que “vive com menos de 1 dólar por dia”.

O refrão “O país do medo, cuidado com o dedo / Que ninguém quer perder o desenvolvimento” resume o clima de vigilância e autocensura imposto por regimes autoritários. Ao reunir artistas de Moçambique, Angola e Portugal, a música transforma o hip hop em uma ferramenta de denúncia e resistência, propondo a lusofonia como espaço de conscientização e enfrentamento ao poder estabelecido.