Subir Na Vida (part. Kennedy Ribeiro)

Crítica social e ironia em "Subir Na Vida (part. Kennedy Ribeiro)"

A música "Subir Na Vida (part. Kennedy Ribeiro)", de Azagaia, faz uma crítica direta à busca pelo sucesso em sociedades marcadas por corrupção e desigualdade, especialmente em Moçambique e Angola. A letra se destaca pelo uso de ironia ao apresentar "dicas" para vencer na vida, que, na verdade, expõem práticas antiéticas e a normalização da corrupção. Frases como “Dizem que para subires na vida há sempre um atalho” e “Dizem que roubar não é crime até seres apanhado” mostram como comportamentos questionáveis são legitimados em nome do progresso individual. O verso “Dizem que se não tens botas, lambe a dos outros” critica a subserviência e o favorecimento, enquanto “Rouba de preferência o que te é confiado / O teu estatuto social será o teu advogado” evidencia a impunidade dos poderosos.

A música também aborda o machismo estrutural e a objetificação da mulher no ambiente de trabalho, com versos como “Dizem que pra subires na vida tens que baixar a calcinha” e “Mais de que um currículo vais precisar de boa imagem”. Esses trechos denunciam como o sucesso feminino muitas vezes é condicionado à perda da dignidade. A repetição de “Aqui vale tudo / Mas será que tudo vale?” reforça o questionamento sobre até que ponto é aceitável abrir mão de princípios para alcançar objetivos. Azagaia, conhecido pelo engajamento político, usa a canção para provocar reflexão sobre as escolhas morais diante das pressões sociais, deixando claro que, apesar de "tudo ter um preço", a dignidade não deveria ser negociada.