Devuélvemelo

A luta por identidade e tempo perdido em “Devuélvemelo”

Em “Devuélvemelo”, babi (ES) transforma suas batalhas internas em uma narrativa honesta sobre ansiedade, autocrítica e a busca por si mesma. A imagem do “mosquito que me pica a todas horas” mostra como pensamentos obsessivos e incômodos mentais são constantes, funcionando como uma metáfora clara para a ansiedade que não dá trégua. Ao citar “Chernóbil y su pata de elefante”, babi compara seu sofrimento a uma catástrofe histórica, ampliando a sensação de devastação emocional e reforçando o tom sombrio da música.

O refrão “Devuélvemelo, mi tiempo, mi tiempo” (“Devolva-me, meu tempo, meu tempo”) expressa o desejo de recuperar algo essencial perdido, seja inocência, tempo ou a própria essência. A artista compôs a música como uma forma de terapia, o que se reflete na sinceridade dos versos. Ao dizer “he abierto la corteza y hoy al aire está mi mente” (“abri a casca e hoje minha mente está exposta ao ar”), ela revela vulnerabilidade, mas também afirma que não está à venda, mostrando a busca por autenticidade mesmo diante do isolamento. Metáforas como “prefiero palmarla de día” e “la noche mi fiel compañera de esgrima” (“prefiro morrer de dia” e “a noite, minha fiel companheira de esgrima”) reforçam o sentimento de solidão e autossabotagem, mas também apontam para a noite como um espaço de autenticidade. Assim, a música convida o ouvinte a refletir sobre saúde mental, pressão social e a importância de resgatar o que nos faz inteiros.