Rota

Dor e superação pessoal em "Rota" de babi (ES)

Em "Rota", babi (ES) expõe de forma direta a ligação entre dor emocional e física, especialmente nos versos repetidos: “me han partido el corazón / igual que me han partido la boca” (quebraram meu coração / assim como quebraram minha boca). A artista mostra que as feridas internas podem ser tão profundas quanto agressões externas. Expressões como “me he vuelto jodidamente loca” (fiquei completamente louca) e “arranque de cuajo lo que brota” (arranquei pela raiz o que brota) reforçam o tom confessional, revelando uma protagonista à beira do colapso, mas determinada a eliminar tudo que a machuca, cortando pela raiz sentimentos e lembranças dolorosas.

O contexto da composição, que babi utiliza como forma de terapia, aparece em versos como “me estoy metiendo en un berenjenal para el cual no estoy preparada” (estou entrando numa confusão para a qual não estou preparada) e “nadie sabe lo que siento en el cuerpo” (ninguém sabe o que sinto no corpo). Metáforas como “haciendo gárgaras con agua santa” (fazendo gargarejo com água benta) e “te escupo hasta las entrañas” (te cuspo até as entranhas) ilustram tentativas de purificação e expulsão de sentimentos negativos. O refrão, repetido como um desabafo, também é um grito de resistência: mesmo se sentindo "rota" e "louca", ela afirma sua honestidade e humanidade – “soy ser humano honesto / con cachitos de llantos soy tornado por tu lienzo” (sou um ser humano honesto / com pedaços de choro sou tornado pelo seu quadro).

No fim, "Rota" se apresenta como um relato cru de vulnerabilidade e força. Babi reconhece o peso do sofrimento, mas também a coragem de não se calar diante da dor, admitindo que muitas vezes o maior algoz é ela mesma: “soy yo misma, no lo dudo” (sou eu mesma, não tenho dúvida). O tom intenso e o contexto de superação pessoal transformam a música em um manifesto de empoderamento diante das próprias feridas.