En Tu Mira (Interlúdio ESÚ)

Vulnerabilidade e pressão em “En Tu Mira (Interlúdio ESÚ)”

“En Tu Mira (Interlúdio ESÚ)”, de Baco Exu do Blues, expõe de forma direta a vulnerabilidade do artista diante das pressões sociais e pessoais. Logo no início, Baco desafia o estigma da masculinidade ao afirmar: “Homem não chora. Foda-se, eu tô chorando!”. Esse verso rompe com a ideia de que homens não podem demonstrar fragilidade, transformando-se em um manifesto sobre saúde mental e sofrimento emocional. A música funciona como um desabafo, onde Baco revela o peso das expectativas externas – do público, da família e da indústria musical – e como isso afeta sua sanidade: “Sua expectativa em mim, está me matando”.

O sample de “Tu Mirá”, de Lole y Manuel, traz uma atmosfera melancólica que reforça o tom de confissão e dor. A letra alterna entre cobranças externas (“Baco, cadê o ano lírico? E o CD do ano?”) e conflitos internos, como a luta contra o alcoolismo, a raiva e pensamentos autodestrutivos, simbolizados pelo verso “cano encosta no meu ouvido e fala: Te amo”. Esse trecho expressa tanto o desejo de fuga quanto a busca por compreensão em meio ao desespero. No final, a repetição de “Eu tô me matando, porra! Você tá aplaudindo e eu tô me matando” evidencia a distância entre o sofrimento real do artista e a recepção superficial do público, que consome sua dor como entretenimento. Assim, a faixa se destaca como um pedido de socorro explícito e um dos momentos mais marcantes do álbum “Esú”.