fetiche

Desejo, poder e liberdade em "fetiche" de Baco Exu do Blues

A música "fetiche", de Baco Exu do Blues, explora o desejo e a intimidade sob uma perspectiva provocadora, invertendo o olhar tradicional sobre a sexualidade e questionando a objetificação dos corpos negros. Logo no início, a cena em que o artista controla um vibrador enquanto a parceira dirige vai além do erotismo explícito: simboliza poder consensual e entrega, colocando o prazer feminino em destaque e tornando-o público, como em “enquanto a cidade te assiste”. Essa exposição, que normalmente seria motivo de vergonha, aqui se transforma em empoderamento e liberdade.

O contexto do EP e do curta-metragem reforça a intenção de Baco de desafiar a hipersexualização dos corpos negros, que muitas vezes são vistos apenas como objetos de desejo, e não como dignos de afeto. Ao dizer “admita que é puta, mas só para mim” e “eu sei aproveitar o lado que você achava que era ruim”, Baco subverte o estigma em torno da sexualidade feminina, especialmente da mulher negra, transformando julgamento em aceitação e celebração. Elementos como cordas e filmagens íntimas sugerem práticas de fetiche e BDSM, mas sempre com foco no consentimento e na cumplicidade. Assim, "fetiche" vai além do sexo: fala sobre a complexidade do desejo, a busca por aceitação e a luta contra estigmas sociais.