Garçom da Ausência (part. Mirella Costa)

Solidão e autossabotagem em "Garçom da Ausência"

Em "Garçom da Ausência (part. Mirella Costa)", Baco Exu do Blues explora a solidão e a autossabotagem de forma direta e sensível. A expressão “olhos como garçons da ausência” sugere que o olhar do protagonista serve para alimentar a própria falta, tornando-se cúmplice da solidão que ele mesmo cultiva. O título reforça essa ideia, mostrando que o personagem não apenas sente a ausência, mas também a distribui e mantém ativa em sua vida, muitas vezes recorrendo a comportamentos autossabotadores, como usar pessoas para preencher vazios emocionais.

A letra revela uma luta interna marcada pela dificuldade de encarar a solidão e pela busca constante de distrações superficiais, como festas, para evitar o confronto com sentimentos profundos: “Festa, ahn-ahn, pra esconder o silêncio / Me falta coragem pra ficar sozinho”. O verso “da ausência que eu crio, das pessoas que eu uso” mostra a consciência de que parte desse vazio é resultado de escolhas pessoais, reforçando o tema da autossabotagem. O contexto do álbum "Hasos", que discute humildade e orgulho, aparece na aceitação dos próprios erros e limitações, como em “Erros podem não definir, mas sei que são parte de mim / E eu só cresci depois de aceitá-los”. Assim, a música transita entre a confissão de fragilidades e a busca por sentido, mostrando que o crescimento pessoal só acontece ao encarar a própria vulnerabilidade.