Perigo

Desejo, poder e identidade negra em "Perigo" de Baco Exu do Blues

A música "Perigo" de Baco Exu do Blues explora o desejo e a sensualidade como formas de discutir poder, prazer e a vivência negra no ambiente urbano. No verso “Brisa, a brisa dela é perigo / O que cê faz é perigo”, Baco sugere que o envolvimento com a mulher retratada é intenso e arriscado, misturando atração física com vulnerabilidade e entrega. Expressões como “fumo e te deixo na wave” e “tudo desacelerou” reforçam a atmosfera de êxtase e fuga da realidade, elementos que dialogam com a tradição do blues, reinterpretada por Baco como símbolo de resistência e afirmação cultural negra.

A letra valoriza explicitamente a mulher negra, como em “overdose de melanina” e “menina mulher da pele preta / te trago esmeraldas, aprendi com Jorge Ben”. Nesses trechos, Baco conecta o prazer sexual à celebração da identidade afro-brasileira, citando Jorge Ben como referência na exaltação da beleza negra. O verso “dono dessas ruas eu comprei todos esses lotes / pra ninguém mais reclamar enquanto a gente fode” mistura ostentação, poder e liberdade, sugerindo que o prazer e o amor vividos desafiam normas sociais e raciais. Assim, "Perigo" vai além do erotismo, abordando empoderamento, pertencimento e resistência, temas centrais na obra do artista.