Senhas

Rebeldia e ironia social em “Senhas” de Baco Exu do Blues

Em “Senhas”, Baco Exu do Blues faz uma crítica direta às normas sociais que ditam padrões de comportamento e estética. Ao reinterpretar a canção de Adriana Calcanhotto, ele reforça sua postura contestadora e irônica, deixando claro que prefere a autenticidade à conformidade. Quando afirma: “aguenta até os modernos / caretas, mas não suporta o bom gosto”, Baco ironiza a superficialidade das convenções sociais, mostrando que o problema não está nas pessoas, mas na padronização vazia que elas representam.

O verso “Eu gosto dos que têm fome / Dos que morrem de vontade / Dos que secam de desejo / Dos que ardem” destaca a admiração por quem vive com intensidade, guiado por paixões e desejos verdadeiros, em contraste com a apatia e a acomodação. Essa valorização da intensidade e da rebeldia está alinhada com o histórico do artista de celebrar a autenticidade e desafiar normas. No final, ao dizer “Tanto que no fundo eu até gosto”, Baco adiciona uma camada de ironia, sugerindo que até a negação pode ser uma forma de envolvimento com aquilo que se critica, ou que a própria rebeldia pode se tornar um novo padrão. Assim, a música funciona como um manifesto contra o conformismo, mas também brinca com a ideia de que ninguém está totalmente fora das regras que critica.