A Mosca (part. Dog Murras e Vandal)

Protesto e resistência em “A Mosca (part. Dog Murras e Vandal)”

Em “A Mosca (part. Dog Murras e Vandal)”, o BaianaSystem utiliza a figura da mosca como símbolo de incômodo e resistência, propondo que a música seja um agente de perturbação social. Assim como a mosca desafia a ordem, a canção denuncia injustiças e desigualdades, buscando provocar reflexão e ação. O uso do sample de “Mosca na Sopa”, de Raul Seixas, vai além de uma homenagem: representa a continuidade do espírito contestador do artista baiano, agora adaptado à realidade dos guetos de Salvador e Luanda.

A letra traz críticas diretas à estrutura de poder, como no verso “A mão que assina a sentença da desgraça/ É pior que a bala que assassina a esperança”, mostrando que decisões políticas e violência institucional podem ser mais destrutivas que a violência física. Referências como “Ritual Ubantu” e “Quero a nossa cultura em primeiro lugar” reforçam o orgulho das raízes africanas e da identidade negra. A participação de Dog Murras e Vandal amplia a mensagem, conectando lutas de diferentes territórios. Expressões como “Mosca insurgente” e “Nossa revolta não tem bala que reprime” destacam a resistência ativa, enquanto versos como “Povo preto organizado/ Nossa meta é avançar” ressaltam a importância da coletividade. Imagens do cotidiano das periferias, como “o menino na rua sem lençol” e “batuca conga conga conga”, aproximam a música da realidade popular, tornando o protesto mais direto e acessível. “A Mosca” se consolida como um manifesto de denúncia, valorização cultural e luta por justiça social.