Duas Cidades

Fragmentação e identidade em “Duas Cidades” do BaianaSystem

Em “Duas Cidades”, o BaianaSystem aborda a divisão social e geográfica de Salvador, usando o verso repetido “divi-divi-divi-dividir Salvador” para evidenciar as desigualdades históricas entre Cidade Alta e Cidade Baixa. Essa divisão vai além do espaço físico, funcionando como uma metáfora para as diferentes experiências e realidades dos moradores da cidade. A pergunta “Diz em que cidade que você se encaixa” provoca o ouvinte a refletir sobre seu próprio lugar nesse contexto, especialmente por ser lançada no aniversário de Salvador, o que reforça o convite à reflexão sobre as complexidades urbanas e sociais locais.

A música também retrata o cotidiano de quem enfrenta dificuldades para sobreviver, como em “Todo dia acorda cedo pro trabalho / Bota seu cordão de alho / E segue firme pra batalha”. O “cordão de alho” e outros amuletos, como “trevo” e “escapulário”, representam a busca por proteção diante das adversidades. Já a frase “Lei da Babilônia é diferente” sugere um ambiente com regras próprias, marcado por desigualdade e resistência. O trecho “Já na descida e não sabe descer dançando / Sabe subir na vida e não sabe subir sambando” contrapõe mobilidade social e cultural, mostrando que ascender financeiramente não significa, necessariamente, integrar-se à cultura popular ou compreender as raízes da cidade. Assim, “Duas Cidades” une crítica social, identidade cultural e a dualidade de Salvador, usando a mistura de ritmos como reflexo da diversidade e dos contrastes da capital baiana.