Lucro (Descomprimindo)

Crítica social e ambiental em “Lucro (Descomprimindo)”

"Lucro (Descomprimindo)", do BaianaSystem, faz uma crítica direta à especulação imobiliária e ao crescimento urbano desordenado em Salvador. O verso “Tire as construções da minha praia / Não consigo respirar” expressa a sensação de sufocamento causada pela ocupação das áreas naturais, algo que Russo Passapusso, vocalista do grupo, observou em seu cotidiano na cidade. A música conecta essa asfixia ambiental à opressão social, como no trecho “meninas de mini saia / Não conseguem respirar”, que amplia a crítica para a objetificação feminina e a exploração de diferentes grupos sociais.

O refrão “Lucro, máquina de louco” ironiza a lógica capitalista que coloca o lucro acima do bem-estar coletivo. A referência ao “petróleo em alto mar” reforça a denúncia da exploração irresponsável dos recursos naturais, enquanto “subiu o prédio eu ouço vaia” mostra o descontentamento popular diante das mudanças urbanas que ignoram as necessidades da população. Apesar do tom crítico, versos como “faço figa pra essa vida tão sofrida / terminar bem sucedida” e “Luz do Sol é minha amiga / Luz da Lua me instiga” trazem esperança e resistência, mostrando a busca por proteção e inspiração na natureza. O trecho “Vou botar rapadura na mamadeira” funciona como uma metáfora para tentar suavizar uma realidade difícil desde cedo, reforçando o tom irônico e crítico da canção.