
NEGONA DOS OLHOS TERRÍVEIS (part. Liniker)
BaianaSystem
A Fascinante Dualidade de 'NEGONA DOS OLHOS TERRÍVEIS', de Liniker e BaianaSystem
"Negona dos Olhos Terríveis", interpretada por Liniker em parceria com BaianaSystem, é uma canção que envolve o ouvinte em uma atmosfera de magnetismo e mistério. A letra, rica em imagens sensoriais e culturais, captura a complexidade de uma figura feminina poderosa, que ao mesmo tempo encanta e intimida. A música combina elementos de sensualidade e espiritualidade, traçando um retrato de um amor irresistível e avassalador.
Desde o início, a música evoca a força da natureza e a busca por um refúgio emocional. Quando Liniker canta “Inventei mais um verão / Preciosa, água e sal / Solidão se arranca com banho de mar", há um desejo claro de cura e renovação através dos elementos naturais. O mar, com sua imensidão e poder de purificação, torna-se um símbolo de libertação da solidão, quase como um ritual de renascimento. Essa abertura estabelece o tom para uma narrativa que transita entre o terreno do desejo e o do misticismo.
A figura central da música, a "Negona dos olhos terríveis", é descrita com uma mistura de reverência e temor. “Negona dos olhos terríveis / Sereia caminhando a pé / Quadril de rebolar teus sonhos / Coração doce, cor de mulher", Liniker pinta um quadro de uma mulher que é, ao mesmo tempo, poderosa e sedutora, capaz de cegar com seu brilho, mas também de embriagar com sua doçura. A sereia que caminha a pé sugere uma figura mitológica que, apesar de sua natureza fantástica, está firmemente enraizada no mundo real, caminhando entre nós com uma presença avassaladora.
Os elementos simbólicos se aprofundam ainda mais quando Liniker menciona o farol que cega os olhos e o doce que embebeda. “Farol que cegará teus olhos / Impossível de se desviar / Na boca, te embebeda inteira / Em forma de doce de lambuzar". Aqui, o farol pode ser visto como uma metáfora para a luz intensa que ilumina e revela, mas que também pode ofuscar, impedindo uma visão clara e objetiva. O doce, por outro lado, é algo que seduz e cativa, mas que também pode viciar e dominar os sentidos. Juntas, essas imagens constroem a dualidade da personagem – ela é irresistível, mas seu amor pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição.
A música também carrega uma forte conexão com a cultura e a espiritualidade brasileira, especialmente na menção à Lavagem do Bonfim e ao Abaeté, locais profundamente enraizados na tradição afro-brasileira. “Sim, essa é a nossa história / Na lavagem do Bonfim, a nossa trajetória / Te dou a mão, samba no pé / Na nossa história, a trajetória vai até o Abaeté", Liniker celebra essa herança cultural, na qual o amor e a fé se entrelaçam, criando uma narrativa rica em simbolismo e identidade.
Por fim, a música é uma celebração da força e da complexidade do feminino, um hino à beleza, ao poder e ao mistério que habitam a alma de uma mulher. A canção é um convite a se perder na intensidade desse amor, mesmo sabendo que ele pode cegar, embriagar e deixar marcas profundas. Liniker, com sua voz inconfundível e suas letras poéticas, nos conduz por esse labirinto emocional com maestria, deixando-nos fascinados e um pouco temerosos diante da "negona dos olhos terríveis".



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