Casa

Refúgio e busca de pertencimento em “Casa” de Baleia

A música “Casa”, da banda Baleia, explora a relação entre isolamento e pertencimento a partir da imagem do lar. Logo no início, a casa é descrita como “simples, forte todavia”, indicando que sua força está na capacidade de acolher e proteger, mesmo sem ostentação. Inserida no álbum “Quebra Azul”, onde representa a manhã, a canção sugere um recomeço introspectivo: o lar é ponto de partida para reflexões sobre si mesmo e o mundo.

A letra traz imagens como “chove todo dia uma calma solidão” e “vento que arranca dos varais uma lembrança”, criando uma atmosfera melancólica em que a solidão é constante, mas serena. O lar aparece como espaço seguro, mas também de distanciamento, evidenciado em “Ninguém nunca vê a minha casa. Ninguém nunca entra.”, o que revela uma barreira emocional e o desejo de proteção, mas também a dificuldade de se abrir ao outro. A menção à cidade e ao desejo de “um lugar nesse clarão” mostra a busca por pertencimento fora desse refúgio, acompanhada de dúvidas sobre adequação, como em “Será que eu encaixo? Era sonho. Agora, não.”.

Metáforas como “onda que me lança, nunca quebra, só avança, faz da dor bonança” reforçam a ideia de resiliência: a dor é transformada em aprendizado. O sino que “soa” marca um despertar, alinhando-se ao conceito do álbum de percorrer as horas do dia. Ao final, a descida para a cidade simboliza a abertura ao mundo, mesmo diante dos riscos. Assim, “Casa” utiliza a imagem do lar para discutir identidade, proteção e a tensão entre isolamento e conexão.