Por Que a Gente é Assim?

Contradições e intensidade em "Por Que a Gente é Assim?"

Em "Por Que a Gente é Assim?", Barão Vermelho explora a busca incessante por prazer e experiências intensas, usando a frase "mais uma dose" como símbolo desse desejo, que vai além do simples consumo de álcool. A letra, com seu tom direto e descontraído, traz questionamentos existenciais sobre impulsos autodestrutivos, refletindo tanto o contexto dos anos 1980 quanto a personalidade marcante de Cazuza. Frases como "A noite nunca tem fim" e "Por que que a gente é assim?" evidenciam essa inquietação diante das próprias escolhas e comportamentos.

Um dos versos mais impactantes, "Canibais de nós mesmos, antes que a terra nos coma", sugere que as pessoas se consomem emocional e fisicamente em relações intensas, antecipando o desgaste que o tempo ou a morte trariam. A música também aborda o jogo entre desejo, entrega e autossabotagem, como em "Vê se ao menos me engole, mas não me mastiga assim", mostrando que as relações podem ser ao mesmo tempo prazerosas e destrutivas. O uso de medidas de tempo exageradas, como "três mil horas" e "um segundo", reforça a urgência e intensidade das paixões retratadas. A parceria entre Cazuza e Frejat foi fundamental para criar esse tom confessional e irônico, tornando a faixa um retrato honesto das contradições humanas.