Samba-Enredo 2019 - Okê Arô

A Devoção e a Resistência no Samba-Enredo 'Okê Arô' da Barroca Zona Sul

O samba-enredo 'Okê Arô' da Barroca Zona Sul é uma celebração vibrante e reverente das tradições afro-brasileiras, especialmente das religiões de matriz africana como o Candomblé e a Umbanda. A letra começa com uma saudação aos orixás, figuras divinas dessas religiões, destacando a importância da fé e da espiritualidade na vida da comunidade. A expressão 'É xirê, é xirê, kolofé, saravá' é uma saudação que invoca a proteção e a benção dos orixás, enquanto 'Quem manda na aldeia é meu orixá' reforça a ideia de que a divindade guia e protege a comunidade.

A música também aborda a história de resistência e sofrimento do povo negro, simbolizada pela cor negra e pela referência às correntes da escravidão. No entanto, a fé é apresentada como uma força libertadora que quebra essas correntes, com menções a orixás como Yemanjá, Oxalá e Oxóssi, que representam diferentes aspectos da vida e da natureza. A presença de Oxóssi, o caçador, e de outros orixás como Ogum e Logun-edé, simboliza a força, a proteção e a herança cultural que são passadas de geração em geração.

Além disso, a letra celebra a sabedoria e a força das tradições afro-brasileiras, destacando a importância de honrar os ancestrais e os padroeiros. A referência ao dia vinte de janeiro, dia de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro, mostra a sincretização entre as tradições africanas e o catolicismo. A procissão vestida em verde e rosa, cores tradicionais da Barroca Zona Sul, simboliza a devoção e a união da comunidade em torno do samba e da fé. A música termina com uma celebração do samba como uma 'flecha certeira' que ilumina o caminho, mostrando a importância do samba como uma expressão cultural e espiritual.