Samba-Enredo 2023 - Guaicurus

Guaicurus: A Resistência e a Luta dos Povos Indígenas

O samba-enredo 'Guaicurus', interpretado pela escola de samba Barroca Zona Sul, é uma poderosa homenagem aos povos indígenas do Brasil, em especial aos Guaicurus. A letra começa com uma evocação da noite na aldeia, onde a tranquilidade é interrompida pela maldade representada pelo carcará, um pássaro predador. Essa imagem simboliza a chegada dos invasores e a subsequente resistência dos Mbayá, um subgrupo dos Guaicurus. O pajé, figura central na cultura indígena, é chamado para evocar os ancestrais e proteger a paz da aldeia. A natureza, sempre presente e poderosa, é um elemento crucial, com o coração sendo comparado a um arco e a mente a uma flecha, simbolizando a união entre força e sabedoria.

O refrão 'Auê auê, Guaicuru chama pra guerra' reforça o espírito de luta e resistência dos Guaicurus, que não se submetem a nenhum senhor e enfrentam os invasores com coragem. A letra também aborda a dor e a traição sofridas pelos indígenas, cujas histórias muitas vezes são esquecidas ou ocultadas. A menção ao Brasil como 'meu país de menino' sugere uma conexão profunda e antiga com a terra, que não foi apagada pelo passado de opressão. O cavaleiro da floresta é invocado como um verdadeiro filho da pátria, simbolizando a resistência e a preservação da cultura indígena.

A música também destaca a importância de preservar o aracê, que pode ser entendido como a essência ou a alma do povo. Os Guaicurus são apresentados como sentinelas, guardiões da cultura e da terra. A letra termina com uma visão de esperança, onde o Pantanal resplandece com o verde das matas e o azul do céu, e a luz de Iara, Tupã e Caaporã apaga a chama do pranto da alma. A Barroca Zona Sul se posiciona como resistência, lutando por um novo amanhã onde a cultura e os direitos dos povos indígenas sejam respeitados e celebrados.