Guilty

Culpa invertida e união plena em “Guilty”, dos Bee Gees

“Guilty” foi concebida como dueto de Barbra Streisand com Barry Gibb, e o diálogo encena o próprio pacto do casal: “Little by little, we meet in the middle” (Pouco a pouco, a gente se encontra no meio do caminho). O refrão rebate qualquer julgamento externo ao afirmar “We got nothing to be guilty of” (Não temos nada de que nos sentir culpados) e virar a chave da culpa: “It oughta be illegal” (Isso deveria ser ilegal) — o “crime” passa a ser a solidão, como em “make it a crime to be lonely/out in the cold” (tornar crime estar sozinho/ao relento). A atmosfera inicial de dureza social — “shadows falling” (sombras caindo) e “anybody you meet got a heartache” (qualquer pessoa que você encontra tem sua própria dor) — contrasta com o vínculo que se consolida no presente: “It’s gotta be night and day” (Tem que ser dia e noite) e “Our love is one in a million” (Nosso amor é um em um milhão).

Esse amor é ativo e recíproco: “You got a reason for livin’” (Você tem um motivo para viver) e “We are devotion” (Somos devoção), com equilíbrio e parceria (“meet in the middle” — encontrar-se no meio do caminho) mesmo diante do risco: “There’s danger in the dark” (Há perigo no escuro). As imagens reforçam superação e impulso: “climb any mountain” (subir qualquer montanha), “highway to the sky” (estrada para o céu), “pulse’s racing” (pulso acelerado). A fusão da expressividade de Streisand com o falsete de Barry Gibb intensifica o jogo de afirmação e resposta. Composta pelos irmãos Gibb e posteriormente incluída na coletânea Their Greatest Hits: The Record, a faixa carrega o DNA dos Bee Gees ao unir romantismo e drive rítmico que empurra o casal adiante, sem despedidas: “Don’t wanna hear your goodbye” (Não quero ouvir seu adeus).