Amen

Provocação religiosa e autonomia em “Amen” de Behemoth

Em “Amen”, o Behemoth faz uma crítica direta ao cristianismo ao inverter a oração "Ave Maria" logo no início da música. Ao transformar "cheia de graça" em "full ov disgrace" (cheia de desgraça) e sugerir uma relação sexual entre Deus e Maria, a banda expõe o que considera manipulação e hipocrisia das instituições religiosas. Essa abordagem questiona como dogmas são impostos e como a fé pode ser usada para controlar, em vez de libertar as pessoas.

A letra também faz referência ao "Sudário de Turim" com a frase "cunning as shroud ov Turin on the autopsy ov God" (astuto como o Sudário de Turim na autópsia de Deus), expressando ceticismo sobre relíquias religiosas e sugerindo que esses objetos servem para manter o poder da igreja. Ao chamar Maria de "Bitch ov a sybilline vulva" (vadia de uma vulva sibilina) e "usurpress and liar" (usurpadora e mentirosa), a banda associa a figura dela a um poder feminino subversivo, questionando sua santidade e reforçando o tom provocativo da música. Quando cita "Wretched is the fruit ov thy womb, Babylon!" (Maldito é o fruto do teu ventre, Babilônia!), mistura símbolos bíblicos para atacar a ideia de pureza e redenção, associando o nascimento de Cristo à decadência de Babilônia, símbolo tradicional de corrupção. O verso final, "Pray for us not, the sinners / Now and at the hour ov our death (Amen)" (Não reze por nós, pecadores / Agora e na hora da nossa morte, amém), rejeita a intercessão divina e defende a autonomia espiritual, alinhando-se ao conceito de apostasia presente no álbum.