Avgvr (The Dread Vvltvre)

Morte e renascimento profano em “Avgvr (The Dread Vvltvre)”

Em “Avgvr (The Dread Vvltvre)”, o Behemoth utiliza referências históricas e simbólicas para criar uma atmosfera de morte e decadência. O termo “Avgvr” remete aos áugures romanos, sacerdotes que interpretavam presságios, sugerindo que a música adota o ponto de vista de alguém que prevê e anuncia um destino sombrio para a humanidade. O “Dread Vvltvre” (Temível Abutre) reforça essa ideia, já que o abutre é associado à carniça e à decomposição, simbolizando o fim inevitável da vida. A escolha da grafia arcaica com “v” no lugar de “u” contribui para o tom ritualístico e místico, característica marcante do universo lírico do Behemoth, sempre repleto de referências ocultistas e históricas.

A letra apresenta um narrador que se coloca acima dos humanos, chamando-os de “fainthearted marionettes” (marionetes de coração fraco) e questionando sua capacidade de lidar com verdades perturbadoras. O desejo de “revival” e de “being ever born anew” (renascer continuamente) sugere um ciclo de destruição e renascimento profano, em que o narrador se proclama “the last living god” (o último deus vivo) e “herald ov godless rebirth” (arauto do renascimento sem deus). Isso representa uma rejeição das religiões tradicionais e a exaltação de uma nova ordem baseada na violência e na carnalidade, como fica claro em “I preach not peace but carnality and violence” (não prego a paz, mas a carnalidade e a violência). O comando final aos “dread vultures” para vigiarem túmulos e valas comuns reforça a ideia de que a morte é vigilante e inevitável, e que todos estão destinados a “burn to ash” (virar cinzas). O tom sombrio da música, aliado à estética visual do videoclipe, desafia o ouvinte a encarar temas de mortalidade, decadência e renascimento sem redenção.