The Satanist

Rebeldia e autonomia em "The Satanist" do Behemoth

"The Satanist", do Behemoth, desafia abertamente símbolos e narrativas religiosas, começando com a frase “I descended from the mount sinai” (Desci do Monte Sinai). Ao inverter o papel de Moisés, a música propõe uma revelação oposta à tradição bíblica, estabelecendo um tom antirreligioso que reflete a postura provocadora da banda. Referências como “sweet Salome” e menções a oferendas “heinous” (hediondas) evocam figuras bíblicas ligadas à transgressão, ampliando o simbolismo de ruptura com dogmas e tabus. Nergal, líder do Behemoth, já declarou que seu objetivo é justamente provocar desconforto e desafiar limites, o que se reflete claramente na letra e na estética do álbum.

A música explora a transformação pessoal ao rejeitar a submissão religiosa, como no verso “the sheep in me became the wolf in man” (a ovelha em mim se tornou o lobo no homem), sugerindo uma passagem do conformismo para a autonomia e o desafio. A frase “I am the fly that flew forth from the ark” (Sou a mosca que saiu da arca) reforça a ideia de ser um elemento de questionamento dentro de um sistema considerado puro. Versos como “Been bored with cosmos my dear old foe / This universe has never been enough” (Estive entediado com o cosmos, meu velho inimigo / Este universo nunca foi suficiente) expressam um tédio existencial e a busca por algo além das limitações impostas pela ordem religiosa e cósmica. O videoclipe, que mistura o carnal e o desconhecido, e a arte do álbum, que utiliza o sangue de Nergal, reforçam o caráter visceral e pessoal dessa rebelião, tornando "The Satanist" uma declaração intensa de autonomia, negação de dogmas e celebração do proibido.