HEATED

Orgulho e cultura queer em “HEATED” de Beyoncé

Em “HEATED”, Beyoncé faz uma homenagem pessoal e cultural ao mencionar “Uncle Johnny made my dress” (“Tio Johnny fez meu vestido”), referência direta ao seu tio Jonny. Ele foi uma figura essencial na vida da artista, responsável por apresentá-la à cultura ballroom e à estética queer. Essa menção conecta a música à trajetória de resistência e criatividade da comunidade LGBTQIA+, especialmente dentro do contexto do álbum “Renaissance”, que celebra a liberdade de expressão e a autoafirmação. O verso também funciona como uma crítica sutil a quem tenta copiar ou desmerecer esse legado, como em “That cheap spandex, she looks a mess” (“Aquele spandex barato, ela está um desastre”).

A repetição de “I gotta fan myself off, I gotta cool down, heated” (“Preciso me abanar, preciso me acalmar, estou pegando fogo”) simboliza o excesso de autoconfiança, sensualidade e poder, além de fazer referência às performances ao vivo de Beyoncé, onde ela utiliza leques mecânicos para reforçar o clima de exuberância. As menções a marcas de luxo, como Hermès, Chanel e Tiffany, e frases como “like stolen Chanel, put me up in jail” (“como Chanel roubada, me coloquem na cadeia”) misturam ostentação, desejo e transgressão, sugerindo que sua autenticidade é tão valiosa e provocante quanto itens de grife. O uso de gírias como “face card never declines” (“meu rosto nunca é recusado”) e “give me face” (“faça pose”) remete à cultura ballroom, onde atitude e performance são formas de resistência e empoderamento. Assim, a música se torna um manifesto de orgulho, sensualidade e irreverência, além de prestar tributo a quem inspirou Beyoncé a abraçar sua identidade sem medo.