Gratitude

A urgência do presente em "Gratitude" de Big Red Machine

Em "Gratitude", do Big Red Machine, a repetição de “Well, there ain't no other other” destaca a importância do momento presente e a sensação de que cada instante é único. Esse sentimento de urgência aparece também em “Well I better not fuck this up” (É melhor eu não estragar isso), mostrando o peso da responsabilidade diante de algo valioso e irrepetível. A música nasceu da colaboração experimental entre Justin Vernon e Aaron Dessner, o que se reflete na atmosfera de improviso e vulnerabilidade da letra, como se cada escolha artística fosse definitiva.

A letra mistura cenas do cotidiano com referências enigmáticas, como “I'm on my big bean field / In the palm of your hand” (Estou no meu grande campo de feijão / Na palma da sua mão) e “there's Indians in the graveyard and we built on top them” (há indígenas no cemitério e nós construímos em cima deles). Esses trechos sugerem tanto uma ligação com raízes pessoais quanto uma crítica à forma como o presente é construído sobre o passado, muitas vezes ignorando histórias e consequências. O verso “When that bread dont even cost no bread” (Quando esse pão nem custa pão) brinca com o duplo sentido de "bread" (pão/dinheiro), refletindo sobre o valor real das coisas. O tom direto e introspectivo, junto à instrumentação experimental, reforça a ideia de que gratidão é reconhecer o que há de único e insubstituível no agora.