Monstro (interlúdio)

Reflexões sobre tempo e dor em "Monstro (interlúdio)"

Em "Monstro (interlúdio)", BK' explora a relação complexa entre o sofrimento pessoal e a passagem do tempo. A pergunta repetida "Quem é o monstro? Eu ou o tempo?" expõe a dúvida sobre a origem da dor: seria resultado das próprias escolhas ou consequência inevitável do tempo? O artista personifica o tempo como uma força impiedosa, que "continua e de nada esquece", enquanto o sujeito precisa "esquecer pra continuar". Essa oposição ressalta o conflito entre a necessidade humana de superar traumas e a natureza indiferente do tempo, que simplesmente avança, sem se importar com as dores individuais.

O álbum "Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer" aprofunda esse tom introspectivo, utilizando samples de músicas brasileiras para conectar memórias e emoções. BK' destaca como o tempo pode ser visto de maneiras diferentes, dependendo da vivência de cada pessoa: "Pra umas pessoas, sou o inferno / Pra algumas, ele é o remédio / Pra algumas, é a sabedoria". A dualidade entre dor e alegria aparece em "Já fui choro, já fui alegria", enquanto a impossibilidade de mudar o passado é fonte de sofrimento: "Ele nunca volta no passado / Quando eu volto, é mais um estrago". Assim, a faixa reflete sobre a dificuldade de lidar com lembranças e a necessidade de seguir em frente, mostrando o tempo tanto como vilão quanto como possível caminho para a cura.