América 21

Crítica social e resistência em “América 21” de Black Alien

Em “América 21”, Black Alien adota a persona de “Gustavo, codinome Black Alien, patente primeiro-tenente”, posicionando-se como um soldado em missão, mas também como um observador atento dos problemas sociais. Ao usar expressões como “interestelar setenta e dois, esquadra número sete”, ele se coloca como alguém que observa os conflitos da América do século XXI de fora, ampliando sua crítica para além do contexto local e tornando-a universal. Essa abordagem reforça a ideia de que os desafios enfrentados não são apenas brasileiros, mas globais e atemporais.

A letra traz críticas diretas a líderes mundiais como Tony Blair, Saddam Hussein, George W. Bush e Osama Bin Laden, chamados de “demônio e seus assessores diretos”. Essa escolha evidencia a denúncia de que o mal está presente nas figuras de poder e instituições como o Fundo Monetário Internacional. O verso “Não vou deixá-los destruir minha América” mostra o compromisso do artista com a defesa de sua terra e dos valores que ela representa, incluindo o direito das futuras gerações a um futuro melhor. A referência a “costurar as veias abertas da América Latina” dialoga com a obra de Eduardo Galeano e denuncia a exploração histórica do continente. Já a menção ao “green” (maconha) como forma de equilíbrio espiritual traz um elemento pessoal e de resistência cultural.

O sample de “Pradizer Adeus (To Say Goodbye)” de Sérgio Mendes & Brasil '66 conecta passado e presente da música brasileira, reforçando a ideia de continuidade e resistência. Ao afirmar que pode “cancelar o apocalypse”, Black Alien assume a responsabilidade de lutar contra a destruição e a opressão, não só por si, mas também pelas próximas gerações. “América 21” se destaca como um manifesto político e social, misturando crítica, esperança e ação em defesa da América Latina.