Nikiti City

Orgulho e crítica social em “Nikiti City” de Black Alien

Em “Nikiti City”, Black Alien transforma Niterói em um símbolo de identidade e resistência, usando o apelido da cidade para criar um universo próprio, caótico e multifacetado. O artista demonstra orgulho de suas raízes, mas também ironiza a realidade local, misturando elementos do cotidiano urbano com referências históricas e culturais. O uso do sample de “A Lenda do Beijo”, da banda The Pop's (1968), mostra a habilidade de Black Alien em unir o passado musical brasileiro ao rap contemporâneo, criando uma ponte entre gerações e estilos. Ao citar nomes como D2 e Speed, ele homenageia parceiros de trajetória e se posiciona dentro da tradição do rap nacional e do movimento Rude Boy, marcado pela resistência e autenticidade.

A letra traz um tom descontraído, mas não deixa de abordar críticas sociais e metáforas urbanas. Trechos como “meu pasto não é mato e laço meu gado” e “acredito no agricultor assentado, mas se invadir meu quarto eu mato” misturam referências ao campo e à cidade, sugerindo a luta por espaço e a defesa da própria identidade. O verso “máfia que mata a nata da sociedade brasileira rata” denuncia a corrupção e a violência sistêmica, enquanto menções como “sopa com estriquinina” e “botar você na lista da ibm e dos nazistas” trazem um tom ácido e irônico, criticando práticas excludentes e opressoras. O refrão repetitivo reforça o orgulho local e a força coletiva, enquanto o “rude boy style” representa uma postura de enfrentamento e irreverência diante das dificuldades do cotidiano urbano.