Devil & Daughter

Dualidade e crítica velada em “Devil & Daughter” do Black Sabbath

Em “Devil & Daughter”, o Black Sabbath explora a dualidade entre prazer e autodestruição, usando a figura da filha do diabo como símbolo da tentação irresistível. A letra “Baptised with fire, too wild to be tamed / She's hot, evil and ready to take any man” destaca essa força sedutora e perigosa, capaz de arrastar qualquer um para a perdição. A presença do diabo na canção elimina qualquer possibilidade de redenção, enquanto o verso “Hand in hand with the reaper” (De mãos dadas com a morte) sugere que ceder à tentação leva inevitavelmente à ruína ou à morte.

Além do tema do pecado e da tentação, a música também pode ser interpretada como uma crítica indireta aos bastidores do Black Sabbath. Há quem associe a “filha do diabo” a Sharon Arden, filha do empresário Don Arden, ambos figuras marcantes na trajetória da banda. Nesse contexto, Sharon seria vista como uma influência poderosa e, por vezes, destrutiva, enquanto Don Arden representaria o controle rígido e implacável sobre o grupo. Assim, a canção ganha um tom de denúncia sobre manipulação e traição, usando a linguagem do oculto para retratar conflitos reais de poder.

A atmosfera sombria da música, marcada por imagens de batismo pelo fogo, sangue e dor, reforça o sentimento de luta interna e de destino trágico. O trecho “Devil and Daughter – pleasure and pain” resume o tema central: a tentação pode ser fonte de prazer e sofrimento, e a rendição a ela pode ser tanto uma escolha pessoal quanto resultado de pressões externas.